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Como estruturar uma ESC do zero: guia prático para 2025

  • 27, jul, 2025
  • Tendências
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Uma Empresa Simples de Crédito (ESC) é uma instituição financeira criada para oferecer crédito a microempreendedores, pequenas empresas e pessoas físicas de forma mais ágil e com custos reduzidos. Instituída pela Lei Complementar nº 167/2019, a ESC democratiza o acesso ao crédito, trazendo opções mais flexíveis e próximas da realidade local. A seguir, um guia passo a passo para você montar sua ESC do zero.

1. Entenda o Conceito e os Diferenciais da ESC

A Empresa Simples de Crédito (ESC) foi criada com o objetivo de democratizar o acesso ao crédito para microempreendedores individuais (MEI), microempresas e empresas de pequeno porte (EPP), atuando de forma local — no município onde está sediada e em cidades vizinhas. A grande proposta da ESC é aproximar o crédito do pequeno empresário, eliminando a intermediação dos grandes bancos e permitindo que pessoas físicas transformadas em pessoa jurídica ofereçam recursos próprios por meio de empréstimos, financiamentos e desconto de títulos, tudo com simplicidade e segurança jurídica.

Além do impacto social de fomentar a economia local, a ESC pode ser uma alternativa bastante lucrativa. Com base nas condições de mercado em 2025, é comum encontrar taxas mensais de 2,5% em operações com garantia real (como veículos e imóveis), enquanto operações sem garantia — que envolvem maior risco — partem de 5% ao mês. Para o cliente, a ESC oferece diferenciais relevantes: menos burocracia, taxas potencialmente mais vantajosas e uma relação próxima com o empreendedor, o que permite uma análise mais contextualizada e justa da realidade local. Esses fatores tornam a ESC uma via de crédito mais humana, eficiente e adaptada às necessidades do pequeno negócio.

2. Requisitos Legais e Regulatórios

Para abrir uma Empresa Simples de Crédito (ESC), é essencial atender a requisitos legais específicos, que garantem tanto a conformidade regulatória quanto a segurança jurídica da operação. O primeiro passo é escolher a natureza jurídica mais adequada à realidade do empreendedor — as opções permitidas são: Empresário Individual, Sociedade Limitada (Ltda.) ou Sociedade Limitada Unipessoal (SLU). Essa escolha deve considerar o porte, a quantidade de sócios (se houver), o planejamento tributário e a forma de gestão do negócio.

Em seguida, é necessário elaborar o Contrato Social ou o Requerimento de Empresário, conforme o tipo societário escolhido. Esse documento deve ser registrado na Junta Comercial do estado onde a ESC terá sua sede. Ele precisa conter cláusulas específicas que atendam às exigências da Lei Complementar nº 167/2019, que instituiu a ESC, como a limitação geográfica de atuação, o uso exclusivo de capital próprio e a vedação à captação de recursos de terceiros. Cumprir essas etapas com atenção é fundamental para garantir que a ESC funcione dentro dos parâmetros legais desde o início de suas atividades.

3. Planejamento e Capital Social 

O planejamento é fundamental para estruturar uma ESC de forma sólida e segura. O primeiro passo é a formação do capital social, que deve ser composto exclusivamente pelos recursos próprios dos sócios — sem possibilidade de captação externa. Esse capital será o limite máximo para as operações de crédito. Por isso, é recomendável também estabelecer uma política de reinvestimento de lucros, destinando parte dos resultados obtidos para reforçar o patrimônio líquido e, consequentemente, ampliar a capacidade de concessão de crédito. Essa estratégia é especialmente importante em ESCs com múltiplos sócios, onde o crescimento deve ser planejado em comum acordo.

Além da estrutura financeira, é essencial definir aspectos operacionais e estratégicos: quem será o público-alvo (setores, perfil econômico e porte dos clientes), quais taxas de juros e prazos serão praticados, e como será feita a pulverização dos recursos — evitando a concentração de crédito em poucos clientes, o que aumenta o risco. Também é recomendável, especialmente em estruturas com mais de um sócio, criar um comitê de análise de crédito para avaliar os dados e perfis dos tomadores antes da liberação dos recursos. Esse conjunto de decisões garante maior controle, redução de riscos e uma gestão mais profissional desde os primeiros passos da ESC.

“Planejar é trazer o futuro para o presente para que você possa fazer algo a respeito agora.”

Domenico De Masi, sociólogo italiano 

4. Estrutura Organizacional e Equipe

A estrutura organizacional de uma ESC pode ser bastante enxuta, já que não há exigência legal de contratação de funcionários. Na prática, muitas ESCs — inclusive com operações relevantes — funcionam apenas com o trabalho dos próprios sócios. Entre as atividades mais comuns no dia a dia estão o atendimento ao cliente (para simulações, concessão e renegociação de crédito), análise de crédito, controle de recebimentos, pagamento de tributos e acompanhamento dos resultados financeiros. Ou seja, mesmo com uma equipe reduzida, é possível manter uma operação eficiente, desde que haja organização e divisão clara das responsabilidades entre os sócios.

Para otimizar recursos e manter o foco nas atividades essenciais, é recomendável adotar a terceirização estratégica de serviços que demandam conhecimento técnico específico. Áreas como contabilidade, suporte jurídico e sistemas (incluindo plataformas de gestão e análise de crédito) podem ser contratadas de forma externa, o que reduz os custos fixos e garante mais agilidade e especialização no atendimento dessas demandas. Essa combinação entre gestão direta e apoio especializado permite que a ESC opere com eficiência, controle de riscos e boa governança desde o início.

5. Políticas de Crédito e Gestão de Riscos

A definição de políticas de crédito e gestão de riscos é essencial para a sustentabilidade de uma ESC. A política de concessão deve estabelecer critérios claros de elegibilidade, considerando fatores como o histórico de crédito do tomador, seu faturamento e as garantias oferecidas. Também é importante definir limites mínimos e máximos para os valores concedidos, bem como os prazos das operações. Esses parâmetros ajudam a ESC a manter um portfólio equilibrado, evitando exposição excessiva a riscos ou inadimplência.

Para apoiar a tomada de decisão, é recomendável o uso de ferramentas de análise de crédito, como scores internos e consultas a bureaus como Serasa e SPC. Além disso, a exigência de garantias reais (como alienação fiduciária de veículos ou imóveis) e garantias fidejussórias (como avalistas e devedores solidários) pode reforçar a segurança das operações. No pós-crédito, é fundamental implementar um sistema de monitoramento ativo, com alertas para atrasos e uma régua de cobrança bem definida. Isso permite ações rápidas e estruturadas em caso de inadimplência, protegendo a saúde financeira da ESC.

6. Tecnologia e Processos

A tecnologia desempenha um papel central na operação de uma ESC moderna e eficiente. Utilizar uma plataforma de gestão adequada permite centralizar funções essenciais como o cadastro de clientes, análise de crédito, geração e controle de contratos. Além disso, oferecer um aplicativo ou portal para que os clientes acompanhem seus contratos e parcelas reforça a transparência e melhora a experiência do usuário, criando um diferencial competitivo.

A automação dos processos é outro elemento-chave. Enviar propostas automaticamente, gerar contratos digitais, emitir notificações de vencimento e atraso, calcular valores atualizados e até mesmo renegociar contratos com base em regras pré-definidas economiza tempo e reduz erros operacionais. Por fim, a segurança da informação deve ser tratada com máxima seriedade: é indispensável adotar medidas como criptografia de dados, backups regulares e garantir a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), assegurando a proteção dos dados dos clientes e a integridade das operações.

7. Marketing e Canais de Distribuição

Uma boa estratégia de marketing é fundamental para que a ESC alcance seu público-alvo e consolide sua presença no mercado local. O posicionamento da empresa deve destacar os diferenciais da ESC, como agilidade no atendimento, proximidade com o cliente e taxas de juros mais competitivas que as do sistema bancário tradicional. A divulgação pode ser feita por meio de mídias variadas (de acordo com o seu mercado local) — panfletos, rádio, redes sociais, e-mail marketing e ações locais — sempre focando na clareza da proposta de valor e no fortalecimento da imagem da ESC como uma solução acessível e confiável.

Além disso, parcerias estratégicas com associações comerciais, cooperativas e outras entidades locais ajudam a ampliar o alcance e gerar credibilidade junto ao público empresarial da região. No atendimento, manter um relacionamento próximo e eficiente é essencial. A ESC deve oferecer canais multicanais de comunicação — como WhatsApp, e-mail e telefone — e um serviço de atendimento ao cliente (SAC) ágil, resolutivo e acessível, o que fortalece a confiança e fideliza os clientes ao longo do tempo.

8. Monitoramento de Indicadores e Melhoria Contínua

O monitoramento constante de indicadores é essencial para garantir a eficiência e a sustentabilidade de uma ESC. Acompanhar KPIs financeiros como índice de inadimplência, margem financeira e retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) permite avaliar a saúde financeira da operação e tomar decisões mais seguras. Esses dados ajudam a identificar se o crédito está sendo concedido com responsabilidade e se a rentabilidade está dentro do esperado.

Além disso, os indicadores operacionais — como o tempo médio de aprovação de crédito, o custo por operação e o nível de satisfação dos clientes — são fundamentais para medir a eficiência dos processos internos e a qualidade do atendimento. Para promover a melhoria contínua, é importante manter um ciclo de feedback estruturado, com reuniões periódicas para revisar metas, ajustar políticas de crédito e buscar inovações nos processos. Essa cultura de monitoramento e adaptação constante fortalece a competitividade e a resiliência da ESC ao longo do tempo.


Conclusão

Estruturar uma ESC do zero exige planejamento, alinhamento com as leis e foco em tecnologia, governança e experiência do cliente. Com uma equipe qualificada, processos bem definidos e monitoramento constante de riscos e desempenho, sua ESC poderá oferecer crédito de maneira sustentável, contribuindo para o desenvolvimento de pequenos negócios e fortalecendo a economia local.

Pronto para dar o primeiro passo? Consulte especialistas da ESC solutions, e comece já a estruturar sua ESC!

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